A Associação Nacional de Travestis e Transexuais é uma das 5 instituições ( junto com Universidade Federal do Rio de Janeiro, Grupo Gay da Bahia, Rede Trans e Transgender Europe ) que produzem listas baseadas em notícias sobre mortes de LGBTs no Brasil.
A ONG publica o Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra pessoas TRANS há 3 anos. Durante estes 3 anos iniciais de publicação, a ANTRA sempre manteve uma lista pública dos casos, que permitia saber quais mortes estavam sendo consideradas e se as informações disponíveis suportavam a tese de que aquelas mortes foram motivadas por homofobia, se aquelas pessoas tinham de fato sido assassinadas et cetera.
Um dos casos que a ANTRA divulgou em sua lista de 2017 foi a morte do travesti Agatha Lios ( Wilson Julio Suzuki Júnior era seu nome de batismo ).
Agatha se prostituia em Brasília, e vivia em conflito com outros travestis, que exigiam que ele cometesse assaltos e pagasse pedágios aos “donos do ponto” para se prostituir ali. Agatha se negava: queria apenas se prostituir, e não se envolver com a quadrilha formada por outros transexuais. Por isso, acabou morto a facadas por 4 criminosos travestis, dentro de um supermercado, em frente às câmeras.
Os quatro travestis foram presos e um deles ainda debochou nas redes sociais antes de ser pego pela polícia: em poucos anos ele estaria na rua, já Agatha.
O caso entrou tanto no relatório do Grupo Gay da Bahia como no da ANTRA. Em 2018 o GGB e a ANTRA passaram a colaborar entre si: os casos obtidos pela ANTRA passaram a ser divulgados – com os devidos créditos – no site da ONG baiana.

QUEDA DOS NÚMEROS E MUDANÇA DE METODOLOGIA DE DIVULGAÇÃO
Em 2017 a ANTRA havia reunido 179 casos de assassinatos de travestis de ambos os sexos (homens feminilizados e mulheres masculinizadas) no Brasil. Em 2018 os números caíram para 163.
No começo de 2020 algumas páginas de ativismo LGBT soltaram a informação de que – de acordo com os dados da ONG – os números haviam caído bastante. Um destes sites foi o Guia Gay de São Paulo.
Ocorre que a ANTRA não gostou do destaque que vinha sendo dado – inclusive por bolsonaristas, mas também pela mídia LGBT – à acentuada queda de 163 para 123 casos coletados em 2019, primeiro ano de um governo que – de acordo com a propaganda de boa parte dos ativistas LGBTs – seria um período negro para a comunidade homossexual brasileira.
A ANTRA decidiu então apagar os dados de seu site, e chegaram a informar que nunca o haviam disponibilizado. O link onde era possível conferir os casos agora direciona para uma página de “permissão negada”, indicando que a página ainda existe, mas só pode ser acessada pelos próprios membros da ONG.
Seguiu os caminhos da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Grupo Gay da Bahia, que desde que passaram a ser alvo de denúncias de fraude epistemológica por esta página aqui e por outras – inclusive o Guia Gay de São Paulo – deixaram de publicar os dados que permitiam a revisão de suas alegações.
EXPLOSÃO DOS CASOS EM 2020
Desde que deixou de divulgar os nomes e links para notícias sobre as mortes que inclui em seu relatório, a ANTRA passou a divulgar que os dados deram uma guinada invertida: de uma clara tendência de queda, agora eles estariam aumentando assustadoramente.

Não há mais, contudo, nenhuma maneira de checar os novos números: quantas destas pessoas seriam travestis assassinados por outros travestis (como Agatha Lios)? Quantas destas pessoas seriam mortes sem esclarecimento (como Fernanda Caetano)? Será que a ANTRA passou a listar casos de travesti brasileiro morto de infarto em Londres (como o Grupo Gay da Bahia fez em 2013, com Patricia Reigada)? Será que passaram a contabilizar casos de travesti brasileiro morto por overdose em Roma (como o Grupo Gay da Bahia fez em 2018, com Rafaella Rotocalco)?
Nunca saberemos.
PEDIDOS, DELEÇÕES E BLOQUEIOS
Após compartilhamento do post em Quem? #lesbocídio, internautas passaram a ir à página da ONG solicitar que eles republiquem a lista com nomes e notícias sobre as mortes que estão usando para compor seus números, de modo que se possa checar se os números divulgados pela ONG são honestos.
Em resposta a ONG passou a deletar os comentários céticos em relação aos números e a bloquear os autores de tais comentários.

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