Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2020
CLIQUE AQUI E SIGA QUEM A HOMOTRANSFOBIA NÃO MATOU HOJE? NO FACEBOOK
Ao que tudo indica, o número de homens negros mortos vítimas de racismo vai explodir nos próximos meses. Uma semana depois da famosa morte de um homem pardo claro em Porto Alegre, a Folha de S. Paulo acaba de divulgar a morte de mais um homem de pele clara. A manchete escolhida pelo jornalão da alameda Barão de Limeira: “RACISMO: Artista negro morre baleado em distribuidora de bebidas em SP, e policial suspeito é detido”
Na matéria, o detalhe que salta aos olhos é a foto da vítima, retirada de sua página no Facebook e usada como ilustração: um homem de pele clara, olhos claros, cabelo curto e liso, bronzeado.
Outras fotos da vítima podem ser vistas em seu perfil na rede social, algumas de cabelo longo e solto. Nenhuma das imagens suporta a afirmação feita na manchete fabricada pela Folha, de que a vítima fosse negra (e de que tivesse sido morta em função disso).

Folha de S. Paulo divulgou que homem era negro e que motivo da morte teria sido racismo por parte do policial.
Não se sabe ainda as circunstâncias em que NegoVila (ou melhor: Wellington Copido Benfati) morreu. Sabe-se que estava bebendo com amigos durante a tarde de hoje, que houve uma confusão, que houve troca de socos, que um policial primeiro fez um tiro de advertência e depois terminou por balear o homem.
No caso da morte de Beto Freitas acabamos por descobrir que a “vítima” na verdade era um criminoso com extensa ficha policial, condenado por uma série de crimes e investigado por uma série de outros, que havia ido ao supermercado com a intenção de arrumar confusão, que iniciou atos de violência física (socos) contra um trabalhador e que – em resposta a estes atos – acabou sofrendo reações (outros socos) que culminaram em sua morte.
No caso de NegoVila ainda não é possível assumir nada. Em suas redes sociais há vídeos e fotos com a execução de trabalhos de grafismo urbano, aparentemente ele fazia parte da equipe que pintava as obras assinadas pelo artista Muzak Prozac. É perfeitamente possível que ele tenha sido totalmente vítima no caso em que acabou morto, é perfeitamente possível que a ação do policial tenha sido completamente abusiva e não justificada. É preciso esperar o aparecimento de informações mais sólidas e verificáveis. Não podemos fazer julgamento algum, ainda, sobre as circunstâncias em que NegoVila foi morto.
O que é possível condenar, com clareza, é o desonesto destaque dado pela Folha de S. Paulo à etnia da vítima. NegoVila não era negro e, se fosse, não há qualquer informação que permita associar sua morte a racismo. A chamada usada pela Folha só é compreensível à luz da obsessão do jornalão paulista e de enorme parte da grande imprensa em acirrar o ressentimento racial, em fomentar o sectarismo baseado em tom de pele.
Deixe um comentário